terça-feira, 26 de outubro de 2010

Agora, só um silêncio.


Eu não sabia, voltei aqui depois de um longo tempo.
A cidade está intacta como deixei.
O telefone continua ali, com a ligação de saudade.
O palco de ensaio, a biblioteca de trocas rápidas de figurino.
Naquele tempo eu estava apaixonado, e estava vivendo.
Vi o farol, subi nele, de lá percebi a cidade interiorana evoluindo.
E gente européia com filhos e tudo o mais.
Volto, onde eu estava mesmo?
Na cama da gaivota.
Agora, só o silêncio de um desejo cortado pelo ritmo do ventilador a rodar.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Uma saudade ou Mais uma esperança?



Eram inocentes, suas vozes e seus risos se confundiam, ninguém queria parar de estar ali.
Bebiam vinho, conversavam a noite inteira sobre baboseiras deles e da vida.
Existia algo incomum, a cumplicidade. Talvez, ali, eles, se viam como um só.
Com o tempo, o medo de um, e o avançar do outro, deixou-os perdidos entre si.
Ninguém sabia quem era quem.
Depois dali, tudo modificou na vida de um, e do outro, quem sabe.
Mas o outro sempre estava disposto a continuar essa reviravolta, o outro insistiu até que não lhe sobraram mais forças, enquanto um, estranhava tudo, e não queria nem saber de si mesmo.
Um, foi percebendo que não tinha motivos para fugir, motivos para desistir.
Então um dia, um olhou para o outro, e disse que agora queria viver.
Então os dois, queriam a mesma coisa? Os dois queriam estar ali?
Ai que veio a estranheza, os desentendimentos, os orgulhos, o medo. Por que?
Um, mesmo com os problemas consigo, e com os outros, continuou ali, mas o outro, sem saberem o porque, mudou, estranhou-se talvez, estava mas não estava, ria mas não ria, sonhar? Apenas um sonhava, o outro lamuriava.
E hoje?
Um, ainda está lá, há insistir, há entender, há tentar compreender os porquês da mudança.
Já o outro, não se sabe, não se entende, não se vê. Às vezes ali, às vezes aqui, mas sempre confuso. Mudo!
Um tende a esperar o outro? Um pacientemente há tempos sempre dando mais chances para o outro.
E o outro?